
O suicídio é um problema emergente na sociedade que actualmente se constitui, sendo, aliás, mais comum em países desenvolvidos do que em países sub-desenvolvidos ou em vias de desenvolvimento. Mas é sobretudo curioso constatar que, um pouco por todo o mundo, a taxa de suicídio na população médica é superior à da população geral.
Já em 1903, era referido no Journal American Association que os médicos possuíam uma predisposição mórbida, optando com mais naturalidade pelo suicídio como uma maneira de responder aos seus problemas.
O que parece predispor esta classe ao suicídio é um sentimento de omnipotência frustrado, de incapacidade de contrariar o inexorável curso para a morte, favorecendo o aparecimento de quadros depressivos. Para além disso, os médicos tendem a adquirir uma visão materialista da morte, fruto da sua prática profissional, negligenciando a perspectiva religiosa e humana vivida pelos seus doentes. A morte passa a ser familiar para o médico, em todas as suas formas e com a facilidade de meios ao seu alcance, além da falta de princípios elevados e inibições morais, passa a adoptar o suicídio como uma maneira directa e efectiva de eliminar os seus problemas. De facto, com o conhecimento farmacológico que o médico possui, qualquer tentativa de suicídio torna-se altamente letal e indolor, este último encorajando ainda mais a sua atitude.
Diversos estudos sugerem determinadas especialidades médicas como mais propícias a terem uma taxa de suicídio mais elevada: anestesistas, psiquiatras, oftalmologistas e patologistas são referidos como os mais vulneráveis.
Em 1968 foi realizando um estudo retrospectivo em 62 escolas médicas norte-americanas e três canadianas, concluindo-se que o suicídio é a segunda causa de morte entre os estudantes de medicina, imediatamente antes dos acidentes.
É fundamental a conscencialização do estudante de medicina perante as reais condições de seu futuro trabalho, não estimulá-lo a adquirir idealizações omnipotentes para enfrentar situações de difícil controle durante sua vida profissional. É igualmente importante reconhecer que tentativas e actos suicidas são gritos de ajuda ("cry for help"), desejos de comunicação que precisam ser respondidos directa e imediatamente. Todos nós temos um papel a desempenhar.
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